Falar é a melhor solução. Esse é o conceito da campanha da Prefeitura de Nova Andradina que tem como premissa a Prevenção do Suicídio. A campanha “Setembro Amarelo” enfatiza que esta é uma questão de saúde pública, que deve ser abordada de forma clara.
O tema é delicado. A própria palavra gera bastante incômodo, mas deve ser dita, pois o suicídio é a causa da morte de 32 brasileiros por dia, quase 1 milhão de pessoas por ano no mundo. Em média, 1 morte a cada 45 minutos.
Conforme a Organização Mundial de Saúde, de cada 10 casos 9 poderiam ter sido evitados. O principal alvo são os jovens, entre 15 e 29 anos. E é por esse motivo que todas as escolas municipais, estaduais, particulares, UEMS e o Instituto Federal estão engajados nesta ação, comandada pela Secretaria Municipal de Saúde com o apoio de instituições parceiras.
A cerimônia foi aberta com uma apresentação do poeta Josenildo Ceará, cuja tônica principal reforça que “mesmo nas adversidades, nos momentos de dor, de angústia, escolha a vida, escolha viver”. E foi encerrada com a assinatura do termo de adesão das escolas e o recebimento de faixas para identificação da participação ativa no projeto “Setembro Amarelo vai à Escola”. As faixas foram entregues pelos seus respectivos padrinhos.
Fizeram parte da mesa de trabalhos, todos os representantes das entidades parceiras.
Padrinho da Escola Adventista, o vice-prefeito Nenão representou o poder executivo municipal. Na ocasião, declarou que o número de pessoas que tentaram contra a própria vida nos últimos anos é maior do que de vítimas da Aids e da maioria dos tipos de câncer. E, apesar de números tão alarmantes, o assunto ainda é tratado como tabu.
“Muitos acreditam que quanto mais se fala sobre o tema, mais suicídios ocorrem. Por outro lado, se orientar da maneira correta, saber reconhecer os sinais, dar o devido apoio às pessoas, podemos salvar uma vida. É difícil decifrar o problema, mas temos que conversar com os filhos, os amigos, colegas de trabalho, tentar perceber o sofrimento do outro e tentar ajudar. O preconceito, a omissão, só contribuem para aumentar o número de vítimas”, comentou Nenão.
Para demonstrar a complexidade do assunto, o Major Pablo, comandante do Corpo de Bombeiros, trouxe dados da atuação da instituição nos últimos 5 anos. Segundo ele, a instituição atendeu 2601 ocorrências de tentativa de suicídios no estado, evitando uma tragédia maior acontecesse. Em Nova Andradina, fez 11 intervenções de tentativas somente este ano.
“Por isso, é preciso que as instituições que integram a rede de atendimento trabalhem juntas, engajadas e consigam levar a mensagem de que cada ser humano é importante. A vida é o bem maior”, disse o comandante.
O secretário Arion Aislan, agradeceu a equipe da saúde que trabalha na organização desta campanha e os inúmeros parceiros que abraçaram esta causa.
“Nosso objetivo é discutir e aprender mais sobre este tema, ajudar na prevenção. Nossos profissionais foram capacitados para lidar com esse assunto ao mesmo passo em que divulgamos os serviços de ajuda disponíveis à população como, por exemplo, as unidades de saúde da família (ESFs) e o setor de saúde mental, preparados para atuar nesses casos”, reforça o titular da saúde.
Os universitários dos cursos de pedagogia e direito da Universidade Brasil serão os multiplicadores da informação, responsáveis pela realização de palestras e atividades educativas nas unidades estudantis.
No âmbito escolar acontece ainda outra ação: o concurso de frases voltado aos estudantes do 7º ao 9º anos, EJA/AJA (Ensino Fundamental II) e Ensino Médio (1º, 2º e 3º anos), EJA/AJA (Ensino Médio). por meio de parceria firmada entre Coordenadoria Regional de Educação (CRE-9), Rede Particular de Ensino e Prefeitura Municipal de Nova Andradina.
Durante o mês estão programadas também blitz, palestras e capacitações voltadas aos profissionais da saúde, policiais militares e rede de atendimento (poder judiciário e assistência social – CREAS e CRAS), realização de oficinas em saúde mental, entre outras estratégias de informações, de comunicação e de sensibilização da sociedade e do público-alvo.
O psicólogo Renisson Araujo, que é mestre em saúde mental do trabalhador pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), ministrou uma palestra sobre tabus, mitos, estatísticas, considerando também o suicídio como um fato social, citando alguns sinais de alerta.